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Valorização do Dólar vacila não obstante a alta rendibilidade

( tempo de leitura: 3 minutos )

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24 Outubro 2022

Escrito por
Enrique Díaz-Álvarez

Diretor de Riscos Financeiros da Ebury

Existe decididamente entre os mercados cambiais o sentimento de que o Dólar já subiu o que tinha a subir.

A
rendibilidade dos títulos do tesouro dos EUA e as expectativas da Reserva Federal subiram para novos recordes, mas o Dólar não beneficiou com isso e acabou por terminar a semana em baixa em relação a todas as outras moedas do G10. As taxas de juro internacionais seguem agora de perto as dos EUA e os mercados estão talvez a chegar à conclusão de que sobrestimaram a possibilidade de existir uma crise energética na Europa, o que dificulta a valorização do Dólar. A nossa moeda favorita de há muito, o Real brasileiro, merece especial menção, uma vez que foi a moeda mais forte da semana e a que teve o melhor desempenho ao longo do ano.

A reunião do BCE do mês de outubro terá lugar esta semana na quinta-feira. Os mercados, os analistas em geral e nós também antecipamos mais uma enorme subida de 75 p.b., mas as comunicações da Presidente Lagarde na conferência de imprensa serão determinantes para o comportamento do mercado. Os dados provisórios dos índices de atividade empresarial PMI na segunda-feira nos EUA, Zona Euro e Reino Unido irão competir com a reunião do BCE por atenções. O principal relatório de inflação PCE dos EUA irá fechar uma semana agitada na sexta-feira. Este é possivelmente o número de inflação a que a Reserva Federal mais atenção presta.

EUR

Avizinha-se uma semana crítica para a moeda comum. O BCE reúne na quinta-feira e os índices PMI são publicados na segunda-feira. As expectativas são bastante pessimistas, no sentido descendente em território contracionista. Contudo, os recentes recuos nos preços da energia e os pacotes de apoio estatal extremamente generosos para as famílias e empresas que foram anunciados poderiam oferecer aos mercados uma surpresa positiva.

Quanto ao BCE, para além da esperada subida de 75 p.b., Lagarde poderá esclarecer melhor o que o banco central prevê que seja a sua taxa de juro diretora. O mercado continua a apostar num valor bem abaixo dos 3%, o que aos nossos olhos é irrealisticamente baixo. À medida que as expectativas avançam para um nível mais razoável, o Euro poderá ganhar algum apoio.

USD

As expectativas de mercado para o teto da taxa de juro diretora da Reserva Federal, ou seja, o nível a que espera pelo menos interromper o ciclo de subida, ultrapassaram finalmente o nível de 5% na semana passada, apesar da escassez de notícias macroeconómicas. Daly e Evans foram os primeiros funcionários do FED americano a falar depois de ultrapassada esta barreira psicológica, e parecem sugerir que este nível é suficientemente alto ou talvez até um pouco alto demais para o seu gosto.

O próximo marco para este ciclo de aumentos sem precedentes será o lançamento do relatório de sexta-feira sobre a inflação do consumo privado. Todos os olhos estão postos no número central do mês, e embora um nível anualizado de quase 6% seja inaceitavelmente elevado, uma surpresa descendente poderá ter um impacto negativo desproporcionado sobre o Dólar americano, dado o consenso e o posicionamento do mercado com vista a um Dólar americano cada vez mais forte.

GBP

À medida que os mercados de obrigações recuperam a estabilidade após a demissão de Liz Truss, a Libra está a tentar posicionar-se após um mês extremamente desafiante. A notícia no domingo de que Boris Johnson estava a pensar retirar-se da corrida pela liderança, abrindo assim o caminho para Rishi Sunak, pareceu animar os investidores nos mercados monetários asiáticos nas primeiras horas de segunda-feira, oferecendo mais apoio à Libra.

Os maiores riscos negativos parecem ter sido eliminados por agora, e neste momento a chave é a reação do Banco de Inglaterra na sua próxima reunião no início de novembro. Uma subida de 100 p.b. deverá dissipar quaisquer suspeitas de que as autoridades britânicas tencionam resolver os problemas através da inflação e ser uma influência positiva para a Libra.

 

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