O impacto de um dólar fraco para investidores e empresas

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26 Setembro 2025

Escrito por
Joana Vieira

Partner & Head of Dealing Ebury Portugal

O cenário previsto para o dólar nos próximos meses continua bastante pessimista. Apesar da conclusão de vários acordos entre os Estados Unidos e alguns dos seus principais parceiros comerciais, a falta de acordos definitivos com grandes potências económicas, como a China e a Índia, prolongará a incerteza sobre o dólar. E não se pode ignorar que o protecionismo imposto pela administração Trump provavelmente prolongará o prémio de risco sobre a moeda.

P
aralelamente, a economia norte-americana começa a dar sinais de desaceleração como consequência das tarifas impostas à importação de bens do exterior, embora tudo indique que esse arrefecimento económico será menos grave do que inicialmente esperado. Nesse sentido, o mercado de trabalho norte-americano já está a começar a acusar a perda de dinamismo económico e, tal como Jerome Powell afirmou no mês passado em Jackson Hole, a deterioração pode ser atribuída em partes iguais a fatores relacionados tanto com a oferta de mão de obra como com a procura.

Tendo em conta estes aspetos, é previsível que a Fed reduza as taxas mais duas vezes este ano, o que poderá ocorrer na próxima reunião de setembro, prevista para os dias 16 e 17, e que este ajustamento se prolongue durante 2026. De facto, os mercados antecipam até mais três descidas no próximo ano que, se se confirmarem, significariam um estreitamento das taxas de juro americanas em relação às do resto do mundo.

Em contrapartida, é bem possível que o euro seja impulsionado pelo aumento dos gastos com defesa e infraestrutura, o que poderia desencadear um crescimento económico mais acelerado a partir de 2026.

Limitando-nos às repercussões que essa fraqueza do dólar tem para os investidores europeus, é preciso dizer que qualquer exposição a ativos financeiros denominados em dólares acabará por deprimir os retornos quando os lucros forem repatriados. De certa forma, já estamos a ver como, apesar das subidas dos índices S&P 500 e Nasdaq (de 9% e 10%, respetivamente, este ano), a forte desvalorização do dólar face ao euro, que já atinge 12%, levou muitos fundos a obter resultados negativos.

Não nos podemos esquecer que, no final de contas, a taxa de câmbio é mais uma variável a ser considerada quando os investidores constroem as suas carteiras. Se não o fizermos, corremos o risco de ver a rentabilidade de um investimento reduzida. E também as empresas exportadoras e importadoras são as mais expostas à volatilidade cambial, especialmente as atividades relacionadas com o turismo.

Para evitar que a taxa de câmbio comprometa as margens de lucro das empresas, como de facto aconteceu este ano, existe a possibilidade de se proteger contra o risco cambial através da contratação de forwards. No entanto, a decisão de se proteger contra o risco cambial ou de o assumir depende, em última instância, da apetência pelo risco. Muitas empresas têm margens de lucro estreitas ou objetivos mínimos de rentabilidade, pelo que é aconselhável nestes casos fixar a taxa de câmbio de modo a garantir as margens de lucro.

Em qualquer caso, quando se opera com moedas, é conveniente conceber uma estratégia clara para gerir o risco. E isso deve incluir identificar e quantificar a exposição ao risco cambial, estabelecer objetivos de cobertura com base na tolerância ao risco, monitorizar os resultados e fazer ajustes quando necessário. Caso contrário, a empresa pode ser tentada a tomar decisões com base em “palpites”, com implicações negativas para a rentabilidade das suas operações.

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