Euro derrapa face a receio dos investidores de uma terceira vaga na Europa
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A queda do Euro, que temos vindo a antecipar ao longo do mês de março, voltou a reafirmar-se na semana passada.
Na realidade, o Dólar valorizou face a todas as moedas do G10 na semana passada e face à maioria das moedas dos mercados emergentes. Entre as moedas dos mercados emergentes com o pior desempenho está a Lira turca, que tem sofrido pressões negativas após o afastamento do chefe do banco central do país, e o Real brasileiro, que se aproxima de novos mínimos face a um preocupante aumento das mortes pelo vírus no Brasil.
Os investidores terão uma série de comunicados de dados macroeconómicos para digerir esta semana, nomeadamente a inflação da Zona Euro (quarta-feira), os últimos índices de atividade empresarial PMI (quinta-feira) e o relatório sobre o emprego não-agrícola americano. Quanto a este último, contamos com números fortes, que serão provavelmente o fator de movimentação do mercado cambial esta semana.
GBP
Na semana passada, a Libra prosseguiu o seu desempenho mais forte do que a maioria dos seus pares uma vez que os investidores se sentiram encorajados pela execução impressionante do programa de vacinação do Reino Unido. O governo do Reino Unido anunciou uma redução no fornecimento das vacinas em abril, mas ainda não verificámos qualquer redução nos números da vacinação diária que atingiu novos máximos na semana passada. Notícias de que a vacina da Moderna deverá estar disponível no Reino Unido na última quinzena do próximo mês introduziram um novo alento. Mais de 30 milhões de pessoas na Grã-Bretanha já receberam pelo menos uma dose de vacina e ainda não houve sinais de que a reabertura das escolas tenha levado a um aumento de novos casos ou de mortes causadas pelo vírus.
A revisão dos números do PIB no quarto trimestre na quarta-feira poderá merecer a nossa atenção, embora não se preveja qualquer alteração. Mais uma vez contamos com uma larga influência sobre a Libra dos números recentes da vacinação e da Covid.
EUR
Vários países da UE reforçaram as medidas de confinamento nos últimos dias, à medida que os níveis de infeção sobem e se verifica um abrandamento da distribuição das vacinas na União. A grande preocupação entre os especialistas tem sido o crescente predomínio da estirpe de propagação mais rápida do vírus, o que está a fazer com que os casos aumentem a um ritmo exponencial. Isto colocou o Euro no caminho para o seu pior desempenho mensal em relação ao Dólar americano desde meados de 2019. Embora permaneçamos otimistas em relação à moeda comum a longo prazo, os crescentes riscos negativos do crescimento europeu sugerem que poderá haver nova desvalorização do Euro a curto prazo, antes que se comece a verificar uma tendência ascendente.
Os dados sobre a inflação na quarta-feira e a revisão do índice PMI do setor industrial de março na quinta-feira podem influenciar o Euro esta semana. A estimativa preliminar deste subiu para o nível mais alto de sempre na semana passada (62,4), embora as perspetivas globais para o primeiro trimestre sejam pouco animadoras e a entrada numa dupla recessão continue a parecer inevitável.
USD
Os dados macroeconómicos dos EUA divulgados na semana passada ficaram, na sua maioria, aquém das expetativas, embora tenham continuado a mostrar que a economia do país ultrapassou largamente a maioria dos seus principais pares, particularmente a Zona Euro. Os números do PIB no quarto trimestre foram revistos em alta, tendo o número de pedidos de subsídio de desemprego caído para novos mínimos durante todo o período pandémico. Os gastos pessoais caíram de forma acentuada, mas os investidores ignoraram este facto face ao aumento acentuado no mês de janeiro.
O relatório sobre o emprego não-agrícola americano que será publicado na sexta-feira será o ponto alto da semana nos EUA. Enquanto as medidas de restrição contra a propagação do vírus continuarem a ser implementadas nos EUA semana a semana, contamos com mais um mês forte de criação de emprego em março. Os economistas estão de olho num forte aumento da criação líquida de emprego para mais de 600.000 e numa queda da taxa de desemprego para apenas 6%, o que seria o seu nível mais baixo registado desde que a pandemia começou em março.