Os mercados cambiais regressam a alguma aparente normalidade

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Os mercados de divisas atravessaram uma semana relativamente calma, uma mudança bem-vinda depois dos tumultos relacionados com a Covid, a que assistimos nos últimos dois meses.

A
s moedas do G10 terminaram a semana a 1% do início, com exceção da Coroa norueguesa, vítima da desvalorização do petróleo. As principais exceções foram as moedas dos mercados emergentes, expostas aos preços do petróleo (os Pesos colombiano e mexicano) ou aquelas com bases particularmente frágeis (o Rand sul-africano, a Lira turca).

À medida que alguns países começam a atenuar as restrições relacionadas com o confinamento devido à Covid, os mercados vão passar a centrar-se na evolução dos dados de contágio nesses países. Os dados preliminares dos índices PMI de atividade das empresas, de abril, serão conhecidos esta semana na Zona Euro, nos EUA e no Reino Unido, permitindo uma leitura quase em tempo real da debilidade económica. É provável que os números sejam tão baixos que a sua utilidade seja limitada. Mais importante serão os números semanais do desemprego, divulgados nos EUA, que irão lançar alguma luz sobre os prejuízos causados ao mercado de trabalho norte-americano.

EUR

Apesar de os índices PMI de abril estarem certamente na luz da ribalta, na quinta-feira, deverão ser tão baixos que alguns pontos para cima ou para baixo não farão muita diferença. Assiste-se a alguma turbulência em torno da reunião do Eurogrupo, na quinta-feira, e da revisão do rating soberano de Itália pela S&P na sexta-feira. A nosso ver, ambas as preocupações são exageradas. Os mecanismos atuais do BCE, em especial o recém-cunhado PEPP, serão suficientes para conduzir a Itália e a Espanha através de qualquer estímulo fiscal que seja necessário para ultrapassar a crise, e esperamos que a S&P reconheça este facto e mantenha inalterada a classificação da Itália, o que seria claramente positivo para a moeda comum, na próxima semana.

GBP

Depois de um mês de abril relativamente calmo, é provável que a Libra esterlina enfrente alguns problemas graves de volatilidade, esta semana. Vamos ver o primeiro lote de dados económicos que reflete totalmente os danos causados pela crise nos próximos dias. Além do índice PMI mencionado acima, esta terça-feira teremos os dados do emprego e é provável que os pedidos de subsídio de desemprego registem valores recorde. A queda nas vendas a retalho relativas a março também será alvo de muita atenção, na quinta-feira. É provável que os números sejam desastrosos, mas vale a pena lembrar que as expectativas já são muito baixas.

USD

As vendas a retalho nos EUA caíram 8,1% em março, e na semana passada perderam-se mais 5,25 milhões de postos de trabalho, devido à crise do Covid. Acreditamos que a dimensão dos danos a que estamos a assistir no mercado de trabalho norte-americano é de tal ordem que fará eclipsar números similares na Zona Euro. Neste caso, as regras europeias mais rígidas em matéria de emprego e a maior dificuldade em despedir podem revelar-se uma bênção. Por outro lado, o enorme aumento do valor dos subsídios de desemprego, tradicionalmente baixos nos EUA, agora aprovado pelo Congresso em resposta à crise, irá atenuar até certo ponto a destruição do emprego. O Dólar permanece fraco em relação às moedas europeias.

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