MXN: Continuamos a esperar ganhos modestos para o Peso mexicano

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27 Maio 2019

Escrito por
Enrique Díaz-Álvarez

Chief Risk Officer at Ebury. Committed to mitigating FX risk through tailored strategies, detailed market insight, and FXFC forecasting for Bloomberg.

O Peso mexicano (MXN) iniciou uma forte recuperação em relação ao Dólar norte-americano, no final do ano passado, subindo aproximadamente 8% no mês e meio até meados de janeiro.

O otimismo em relação ao acordo EUA-México-Canadá (USMCA) apoiou a moeda nos últimos meses e ajudou o MXN a reverter quase a totalidade das suas perdas após uma forte desvalorização em outubro. Este facto, combinado com taxas de juro mais altas do Banco Central do México, permitiu que o Peso subisse em abril para a sua posição mais forte em seis meses.

Grande parte da fragilidade do Peso em 2018 deveu-se à incerteza quanto ao futuro das relações comerciais com os EUA. No ano passado, o presidente Trump impôs uma série de tarifas sobre produtos mexicanos numa tentativa de reduzir o considerável défice comercial do país e promover a produção nacional. As preocupações com o comércio, no entanto, esbateram-se após a celebração do acordo comercial EUA-México-Canadá (USMCA), que inclui o seguinte:

– Previsão de salários mais elevados no sector automóvel mexicano.

– Direito a representação sindical para os trabalhadores mexicanos.

– Regras do país de origem que garantem que 75% dos componentes dos veículos ligeiros e pesados sejam fabricados no México, nos EUA ou no Canadá, a fim de garantir tarifas zero.

O acordo em si ainda não foi ratificado e requer aprovação legislativa dos três países. Não acreditamos, no entanto, que este seja um grande obstáculo, e a ratificação deverá pôr fim a uma fonte importante de incerteza para o Peso.

Em linha com as nossas projeções, as taxas de juro mais elevadas do Banco Central do México (Banxico) também proporcionaram um apoio razoável ao Peso mexicano nos últimos trimestres. O Banxico aumentou as taxas de juro em diversas ocasiões nos últimos dois anos, a fim de proteger o Peso e evitar pressões inflacionistas no país. As taxas foram subidas mais recentemente na reunião do banco, em dezembro, em mais 25 pontos base, para 8,25%, fazendo a principal taxa de referência subir para o seu nível mais alto desde 2008. O comunicado do banco foi bastante cauteloso, citando os riscos colocados pela inflação acima da meta do banco central.

A inflação global no México aumentou para mais de 5% no final do ano passado, desconfortavelmente acima da meta de 2-4% do Banxico. A necessidade de uma continuação do ciclo de subidas, no entanto, diminuiu nos últimos meses após um abrandamento da pressão inflacionista interna. A série de aumentos das taxas parece ter colocado um teto ao crescimento dos preços por enquanto, com a principal taxa a cair para 4% em março. Este abrandamento da inflação significa que as taxas de juro reais no México aumentaram acentuadamente e estão agora acima de 4%, o seu nível mais alto desde o final de 2005, o que deve ajudar a sustentar o Peso e a aliviar a pressão depreciativa de fatores externos.

Uma das principais fontes de incerteza é a recente desaceleração do crescimento no México, que viu a economia crescer apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior nos três meses finais de 2018. Os sectores da indústria, da mineração e da construção contraíram,, compensando o crescimento robusto do sector dos serviços. De acordo com o FMI, o crescimento deverá agora abrandar para 1,6% em 2019, em comparação com as anteriores previsões de 2,1%. Com este pano de fundo, o “downgrade” das três grandes agências de notação é uma possibilidade em 2019. Acreditamos, no entanto, que a diminuição da incerteza sobre o USMCA poderá fazer com que o crescimento apresente uma surpresa positiva este ano, o que constituiria um apoio para a indústria do país.

A nosso ver, a mais recente queda da inflação e o fraco crescimento global, aliados com a recente mudança da Reserva Federal, diminuem a necessidade de aumentos adicionais do Banxico. Consideramos, porém, que os apelos para o início de um ciclo de abrandamento são prematuros e uma reação exagerada. Vale a pena notar que a inflação de 4% está exatamente no centro do intervalo visado pelo Banxico, enquanto a ata da última reunião pedia paciência e sugeria que os decisores políticos não estavam com pressa em inverter o rumo.

Continuamos otimistas em relação às perspetivas para o Peso mexicano. A notícia do USMCA acalmou as tensões, as taxas de juro reais estão claramente em terreno positivo, o défice da conta corrente do país está a diminuir e, a nosso ver, os temores sobre os cortes das taxas pelo Banxico são exagerados. O MXN também deve ser um dos principais beneficiários da recente mudança da Reserva Federal. Por tudo isto, revemos em baixa as nossas projeções para o USD/MXN e continuamos a esperar ganhos modestos para a moeda.

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