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Moedas de “commodities” recuperam em mercados voláteis

( tempo de leitura: 3 minutos )

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10 Outubro 2022

Escrito por
Enrique Díaz-Álvarez

Diretor de Riscos Financeiros da Ebury

A volatilidade regressou aos mercados financeiros como vingança no mundo inflacionário pós-COVID.

O
s ativos de risco e a maioria das principais moedas terminaram a semana não muito longe de onde a iniciaram, o que, no entanto, mascara valorizações furiosas na primeira metade da semana seguidas de quedas abruptas até ao fecho dos mercados na sexta-feira. O relatório do mercado laboral dos EUA não deu sinais de abrandamento do emprego e ditou a subida de 75 p.b. nos juros na próxima reunião da Reserva Federal, defraudando as expectativas de subidas mais suaves por parte dos investidores. A principal exceção à tendência foram os mercados energéticos, impulsionados pela decisão da OPEP de cortar a produção, e as moedas de mercadorias em geral, lideradas pelo Real brasileiro e pelo Peso chileno, o primeiro sustentado na surpreendente forte exibição do Bolsonaro na primeira volta das eleições presidenciais.

Esta semana surgirão relatórios essenciais sobre a inflação nos EUA. O principal relatório do IPC na quinta-feira deverá apresentar uma contração da inflação global, ao mesmo tempo que a inflação subjacente aumenta. No entanto, as estimativas consensuais da inflação revelaram-se invulgarmente imprecisas este ano e uma surpresa em ambas as direções terá provavelmente um impacto exagerado nos mercados de capitais. A inflação dos preços no produtor e as expectativas de inflação no próximo dia serão também determinantes. Para já tudo se resume à inflação americana e o âmbito e velocidade a que a Reserva Federal terá de aumentar os juros para controlar a inflação.

EUR

Os principais e coincidentes indicadores europeus continuam a ser coerentes quer com a estagnação quer com uma pequena contração, mas notamos que tem havido uma verdadeira avalanche de novos pacotes de despesas do Estado para apoiar as famílias e as empresas durante a crise energética. Embora o impacto a longo prazo sobre a inflação não deixe o BCE feliz, parece-nos que algumas das previsões mais pessimistas que correm não refletem esta generosidade orçamental.

Por enquanto, o Euro continua a negociar em linha com os ativos de risco concentrados quase exclusivamente na reação forte da Reserva Federal, o que não deverá sofrer alterações uma vez que se espera poucas novidades da Zona Euro esta semana.

USD

Se a Reserva Federal iria aumentar a taxa de juro em 50 ou 75 pontos de base era uma dúvida que ficou imediatamente esclarecida pelo relatório americano sobre o emprego não agrícola de setembro. Este relatório apontou para uma criação saudável de emprego, desemprego em níveis historicamente baixos e nenhum sinal de abrandamento apesar da significativa contração da política monetária até à data. Havia alguns sinais de deterioração em relatórios secundários, tais como novas ofertas de emprego e de pedidos de subsídio e desemprego, mas não o suficiente para servir de entrave à Reserva Federal.

O relatório do IPC desta semana deverá mostrar uma ligeira descida da inflação global na sequência do recuo nos preços da energia. No entanto, a chave será a inflação subjacente, onde componentes de inflação mais rígidos, como as moedas refúgio, estão agora a mostrar aumentos de um dígito elevado e pensamos que deverão manter este índice bem acima dos 6%.

GBP

A Libra continua sustentada na esperança do mercado de que os défices orçamentais previstos por Truss serão contidos. Mesmo a decisão, na sua maioria simbólica, de manter inalterada a taxa máxima de imposto teve um efeito positivo na Libra esterlina, mas a ausência de mais recuos no final da semana fez com que a Libra voltasse a valorizar fortemente em relação ao Euro por oposição ao Dólar. As principais notícias económicas foram uma revisão considerável em alta dos índices de atividade empresarial do PMI, embora ainda em linha com uma (ligeira) contração na atividade.

Esta semana, o relatório do mercado de trabalho um pouco atrasado ficará para segundo plano uma vez que as atenções estarão concentradas nos discursos de membros do CPM para avaliar a reação do Banco de Inglaterra à recente turbulência nos mercados financeiros do Reino Unido.

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