Dólar desvaloriza e apetite pelo risco aumenta

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A esperança renovada de os EUA aprovarem um grande pacote de estímulos fiscais favoreceu a valorização de ações e créditos em todo o mundo, tendo as principais moedas valorizado em sintonia, subindo face ao Dólar americano.

A
s moedas dos países exportadores de “commodities” lideraram na esperança de uma aceleração da recuperação económica, enquanto o Yen e a Libra ficaram para trás. Esta última ainda se debate com as incertezas dos mercados em torno do estado atual das negociações do Brexit. Em todos os países do G10, as taxas de curto prazo atingiram níveis mínimos históricos e a pressão política para um estímulo fiscal mais intenso é generalizada, resultando num aumento geral da inclinação das curvas das taxas de juro à medida que os investidores vão avaliando as ondas de emissão de obrigações do Estado.

Com os Democratas a liderarem as sondagens por uma margem cada vez mais larga e as perspetivas de uma eleição disputada nos EUA a diminuírem, as atenções devem desviar-se para a cimeira da UE esta semana, que Boris Johnson reivindicou como uma espécie de prazo para se chegar a um acordo final para o Brexit. Os dados da inflação dos EUA na segunda-feira devem receber alguma atenção, uma vez que temos visto alguma divergência na dinâmica da inflação entre os EUA, onde recuperou para níveis pré-COVID, e a Zona Euro, onde continua a cair para mínimos históricos.

EUR

Enquanto o Euro recuperou bem na semana passada devido a um maior apetite pelo risco, começamos a avistar uma acumulação de riscos de curto prazo em torno da moeda comum. Primeiro, o número de novos casos de COVID continua a crescer, e acaba de ultrapassar o nível dos EUA. Os confinamentos parciais que se seguirão irão perturbar o desempenho económico da Zona Euro. Em segundo lugar, a ata da reunião do BCE de setembro realça a preocupação da instituição com os riscos deflacionários; e isto antes de os resultados ainda piores de setembro terem sido publicados. Cresce a probabilidade de o BCE tomar ainda mais medidas de flexibilização em dezembro. Por fim, as posições que os operadores de mercados têm detido no Euro de forma especulativa mal começaram a encolher dos níveis históricos de finais de agosto. Resumindo, antevemos alguns riscos de uma retração temporária da moeda comum nas próximas semanas.

 

GBP

Os mercados de negociação da Libra estão de olhos postos no prazo de 15 de outubro fixado por Boris Johnson para a retirada das negociações do Brexit caso não se chegue a nenhum acordo até então. A nosso ver, é provável que o prazo seja adiado, uma vez que ambas as partes deixam transparecer comentários positivos sobre progressos no sentido de um acordo modesto. O relatório sobre o emprego de terça-feira será provavelmente ensombrado pelo drama das negociações UE-Reino Unido mesmo antes da cimeira da UE, mas fornecerá uma visão preciosa sobre o impacto da segunda vaga da COVID no mercado de trabalho.

 

USD

Numa semana de poucas publicações, é provável que a negociação do Dólar seja influenciada pela política. Os investidores estarão à procura de novas sondagens para confirmar a probabilidade de uma vaga democrata que afaste a perspetiva de eleições disputadas e torne mais provável um estímulo fiscal adicional em 2021. A curto prazo, continuamos a pensar que é provável que venhamos a ter um pacote de despesas de compromisso antes das eleições, uma vez que o mercado reflete cada vez mais os factos. Isto seria inequivocamente positivo para as moedas dos mercados emergentes, embora o impacto na taxa EUR/USD seja mais difícil de prever.

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