Conflito no Médio Oriente resgata o dólar norte-americano

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A decisão de Israel de bombardear o Irão para travar o seu programa nuclear acabou por dar força ao dólar na semana passada, que estava a cair no meio de uma inflação muito abaixo do esperado e de preocupações com a economia norte-americana.

O
dólar ainda apresentou um desempenho misto, com uma ligeira queda em relação à maioria dos seus pares, mas isso conta como uma vitória numa semana em que rompeu os mínimos pós-“Dia da Libertação”. Mais importante ainda, a reação do mercado realçou o facto de o dólar ainda manter parte do seu brilho como porto seguro em tempos de conflito geopolítico, mesmo com o desaparecimento de alguns dos seus outros atrativos.

Os vencedores da semana foram o franco suíço, com uma forte subida devido aos fluxos de refúgio seguro, e a coroa norueguesa, que deverá beneficiar da subida dos preços do petróleo.

As decisões de política monetária tentarão desviar os holofotes das tensões no Médio Oriente esta semana. A reunião da Reserva Federal na quarta-feira é, sem dúvida, o foco. Não são esperados cortes, mas os mercados estão ansiosos por direcionar a reação do FOMC para a desaceleração dos dados dos EUA e, principalmente, para o relatório de inflação muito positivo de maio, que não mostra qualquer indício de aumentos de preços motivados pelas tarifas.

No dia seguinte, ouviremos o Banco de Inglaterra, cuja reunião de Junho terá lugar logo após o importante relatório do IPC de Maio. A ofuscar tudo isto, estarão potenciais surpresas na frente tarifária e as publicações de Trump nas redes sociais. Tudo isto pode resultar numa semana excepcionalmente volátil nos mercados cambiais.

 

EUR

A semana passada foi bastante calma em termos de notícias da Zona Euro, e esta não será diferente. O euro disparou inicialmente em resposta à fraca inflação nos EUA e a alguns comentários relativamente agressivos de alguns membros do BCE, que parecem sugerir que o banco não tem pressa em voltar a cortar as taxas de juro. O início do conflito entre Israel e o Irão, no entanto, trouxe o euro de volta à realidade, e é difícil vislumbrar qualquer catalisador que ajude a moeda comum a dar o próximo passo, pelo menos esta semana.

Os dados sobre as exportações e a produção industrial estão a ser distorcidos pelo aumento das exportações para os EUA antes das tarifas e pela queda subsequente. Isto significa que ainda serão necessárias algumas semanas até termos uma visão clara do impacto das mesmas na economia da Zona Euro. Sem dados relevantes divulgados esta semana, as atenções estarão novamente focadas nos discursos de alguns responsáveis ​​do BCE nos próximos dias, incluindo a Presidente Lagarde na quinta-feira.

 

USD

O tão aguardado relatório de inflação de Maio dos EUA não mostrou qualquer impacto das tarifas de Trump e, na verdade, foi muito menor do que qualquer um esperava. O subíndice principal aumentou apenas 0,1% em relação ao mês anterior, contra as expectativas de +0,3%, uma diferença enorme e de magnitude raramente observada. Os pedidos semanais de subsídio de desemprego continuam a subir, contradizendo o relatório de salários de abril. As provas são ainda muito confusas, mas, no geral, parecem confirmar que a procura está a abrandar, o mercado de trabalho está a afrouxar e as empresas estão a absorver os custos das tarifas em vez de aumentar os preços e arriscar a sua quota de mercado.

A reunião de junho da Reserva Federal, esta semana, será interessante sobretudo para avaliar até que ponto estes dados impactarão as visões do FOMC sobre a inflação, o crescimento e os potenciais cortes das taxas de juro, dos quais dois cortes completos estão precificados para este ano pelos mercados. Como é habitual, o foco principal dos participantes do mercado estará no “gráfico de pontos” atualizado do banco. Com os riscos de inflação ainda prevalecentes, poderemos não ver qualquer alteração no ponto médio de 2025, embora um ou dois membros possam baixar a sua visão a favor de cortes mais agressivos.

 

GBP

O fluxo de dados da economia do Reino Unido tem sido mais fraco ultimamente, o que poderá pressionar o Banco de Inglaterra a reduzir as taxas de juro mais cedo do que talvez pretendesse. O relatório do mercado de trabalho de Maio da semana passada mostrou claros sinais de enfraquecimento, registando a maior perda líquida de emprego desde a pandemia e um forte aumento dos pedidos de subsídio de desemprego.

O relatório mensal do PIB de Abril foi também mais fraco do que o esperado, com a economia britânica a contrair 0,3% face ao mês anterior. Isto confirma efectivamente as suspeitas de que o crescimento abrandou acentuadamente no segundo trimestre, à medida que as empresas e as famílias enfrentam custos mais elevados.

Neste contexto, espera-se que o Banco de Inglaterra mantenha as taxas de juro estáveis ​​esta semana, mas, na ausência de um relatório de inflação forte, o Comité de Política Monetária (MPC) pode sinalizar que o próximo corte poderá ocorrer no verão (no hemisfério norte). Isto pode manifestar-se sob a forma de uma mudança na postura agressiva do banco, ou no padrão de votação, com a possibilidade de dois ou três membros votarem por um corte imediato na quinta-feira. Os dados fracos e o conflito geopolítico revelaram-se uma má combinação para a libra esterlina na semana passada, que perdeu parte dos ganhos da sua recente subida.

 

 

 

 

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