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USD: Vemos um EUR/USD mais ou menos estável

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25 Janeiro 2019

Escrito por
Enrique Díaz-Álvarez

Chief Risk Officer at Ebury. Committed to mitigating FX risk through tailored strategies, detailed market insight, and FXFC forecasting for Bloomberg.

Apesar de ter perdido terreno no final de 2018, o Dólar americano terminou o ano passado muito mais forte do que começou. Em 2018, a moeda dos EUA ganhou força face a todas as outras moedas do G10, à exceção do Iene japonês, tendo atingido a sua posição mais forte em relação ao Euro em quase um ano e meio em meados de novembro. Uma afluência de fluxos de capitais seguros, um BCE cauteloso e a incerteza política na Europa fizeram com que o par EUR/USD caísse mais de 8% apenas nos últimos nove meses.

Entretanto, o Dólar voltou a perder terreno desde que atingiu estes máximos em vários meses. Isto deveu-se, em parte, à prolongada paralisação do governo e ao facto de os investidores estarem menos otimistas quanto às expectativas de aumento das taxas em 2019. As taxas de juros voltaram a subir na reunião de dezembro do FOMC, embora, como tínhamos previsto, se tenha observado uma revisão em baixa das projeções de subida da taxa do Fed. As taxas foram aumentadas em mais 25 pontos base para um intervalo entre 2,25-2,5%, a quarta subida do ano, com todos os membros do comité a votarem a favor de uma subida imediata da taxa. A conferência de imprensa do presidente Jerôme Powell foi relativamente otimista. trabalho tem melhorado de forma continuada. Afirmou ainda que, embora as condições dos mercados financeiros se tenham tornado mais restritivas, estes desenvolvimentos não mudaram fundamentalmente as perspetivas. As subidas adicionais da taxa ainda permanecem no horizonte, embora a linguagem tenha sido ligeiramente alterada para “algumas” subidas adicionaisAs previsões de crescimento foram revistas em baixa, embora não na dimensão que o mercado estava à espera. Os decisores políticos acreditam agora que a maior economia do mundo crescerá 2,3% em 2019, abaixo da projeção anterior de 2,5%. A inflação também “surpreendeu pela negativa” e apela à “capacidade de ser paciente no futuro”, segundo Powell. O banco central espera agora que a inflação anual caia de 2% para 1,9% no final de 2018, um valor abaixo da meta, e permaneça em torno deste nível nos próximos doze meses. Quanto ao “dot plot” da Reserva Federal, embora este item também tenha sido revisto em baixa, , a dimensão da baixa foi igualmente em menor escala do que muitos temiam. O ponto médio de 2019 mostra agora que o comité espera aumentar as taxas em duas ocasiões em 2019, comparativamente com as três que havia traçado em setembro. Estas novas previsões baixam agora de 3,0% para 2,8% -o nível de longo prazo das taxas.Powell observou que as taxas estavam agora no “extremo inferior” do intervalo de taxa neutra, indicando ainda que é provável um ritmo mais lento nas subidas. Neste momento, porém, os mercados não estão a apostar em nenhuma subida em 2019. Mas o que é que está por detrás de uma reavaliação tão dramática?1. Os mercados de ações de todo o mundo atravessaram um mês difícil em dezembro, com o índice S&P 500 a cair quase 15% a um dado momento do mês . Uma miríade de fatores esteve por detrás desta desvalorização, nomeadamente receios quanto ao crescimento global e uma normalização da política monetária entre os principais bancos centrais.2. . Os principais índices PMI da atividade empresarial diminuíram, de um modo geral, nos últimos meses (designadamente nos EUA, na Zona Euro e na China), aumentando os receios em relação à desaceleração económica global. No início de janeiro, o presidente do Fed declarou que o banco “não hesitaria“, caso fosse necessário ajustar o ritmo ao qual reduz o seu balanço, se isso começasse a perturbar os mercados financeiros. Uma das principais razões por detrás da necessidade de um ritmo mais lento de subidas é a recente ausência de pressão inflacionária na economia dos EUA.. A inflação global recuou fortemente desde que atingiu quase 3% no verão, tendo caído em novembro para um mínimo recorde de 2,2% em nove meses e não tendo registado nenhum crescimento mensal, pela primeira vez desde março. Isto deve-se, em parte, à queda dos preços globais do petróleo.Apesar dos fatores acima mencionados, pensamos que o recente recuo nas expectativas de aumento da taxa de juros é uma reação exagerada. Em primeiro lugar, o crescimento dos EUA permanece sólido e não vemos razão para crer que, tão cedo, possa estar a caminho uma recessão. A economia registou uma expansão de 3,5%, anualizados no 3.º trimestre de 2018, após um crescimento plurianual elevado no segundo trimestre. Embora parte do impulso do estímulo fiscal vá seguramente desaparecer em 2019, ainda esperamos um crescimento de 2-2,5%, em que o consumo é sustentado pela criação robusta de empregos e aumentos salariais reais.Um mercado de trabalho forte deve ajudar a sustentar a economia americana, este ano. A economia dos EUA criou um total de 312.000 empregos líquidos em dezembro, o que permitiu que a média móvel de doze meses do emprego não agrícola subisse para uns impressionantes 232.000, o número mais elevado desde setembro de 2016. O ritmo da criação de emprego nos EUA continua a superar o crescimento da força de trabalho. O desemprego, por seu lado, está perto de um mínimo de cinco décadas e esta diminuição está a começar a abrir caminho a rendimentos reais mais elevados. O crescimento médio dos rendimentos ultrapassou os 3% nos últimos três meses, com ganhos salariais reais a atingir agora o nível mais elevado desde junho de 2017 – um sinal encorajador. A inflação subjacente, que exclui as componentes voláteis da alimentação e da energia, também permanece acima da meta, com 2,2%. Um mercado de emprego restrito, um forte grau de crescimento económico e a ameaça de preços de importação mais elevados, decorrente das políticas protecionistas de Trump, podem manter os preços elevados este ano, o que pode aumentar a pressão sobre o Fed para apertar ainda mais a sua política em 2019. Tal como mencionado, os fluxos de capitais de refúgio continuaram a sustentar o Dólar americano e poderão fazê-lo novamente em 2019, caso ocorra uma escalada no conflito comercial EUA-China. Trump continuou a ameaçar com tarifas adicionais àquelas já impostas, incluindo a ameaça de aumentar a tarifa de 10% sobre as importações chinesas, no valor de 200 mil milhões de USD, para um nível consideravelmente superior de 25%. No entanto, após a reunião do G20, na Argentina, em dezembro, foi decretado um cessar-fogo na guerra comercial e os presidentes Trump e Xi Jinping concordaram em suspender as sanções adicionais por 90 dias. Embora isto não garanta que se chegue a um acordo comercial, é um sinal encorajador de que um acordo entre as duas superpotências pode estar próximo. Continuamos a acreditar que os receios de uma guerra comercial global são exagerados e não somos da opinião de que a administração Trump queira verdadeiramente perturbar os padrões comerciais. Pensamos que toda a retórica protecionista é, em grande parte, um teatro político e uma tática de negociação.

Apesar do potencial de alteração do apetite pelo risco, continuamos a acreditar que a política monetária será o maior driver isolado do Dólar americano em 2019. Após a última reunião do FOMC, tornou-se evidente que o Fed irá, quase de certeza, aumentar as taxas a um ritmo muito mais lento este ano do que em 2018, embora não tão lento quanto o mercado está a antecipar. Acreditamos que o banco central poderá aguardar até metade do ano à espera de dados adicionais sobre a inflação antes de reavaliar a necessidade de subidas no segundo semestre de 2019. Por isso iremos provavelmente assistir a uma só subida ao longo dos próximos doze meses e mais lá para o final deste ano.A combinação de um ritmo de subidas do Fed muito mais lento este ano, de uma elevada probabilidade de nenhuma subida do BCE até 2020 e da ausência de sinais de recessão nas principais economias mundiais, é consistente com a nossa aposta num EUR/USD mais ou menos estável e numa ampla recuperação das moedas de mercados emergentes contra o Dólar em 2019.

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