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EUR: Prevemos agora uma ligeira apreciação do Euro

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25 Janeiro 2019

Escrito por
Enrique Díaz-Álvarez

Chief Risk Officer at Ebury. Committed to mitigating FX risk through tailored strategies, detailed market insight, and FXFC forecasting for Bloomberg.

O Euro foi negociado essencialmente dentro do pequeno intervalo de 1,135-1,145 face ao Dólar americano, desde meados de novembro, embora ainda tenha conseguido terminar o ano passado consideravelmente abaixo de onde começou. A combinação da força global do Dólar americano com as preocupações crescentes com o fraco crescimento da Zona Euro fez com que a moeda comum perdesse mais de 7% do seu valor durante o ano de 2018. A moeda mostrou-se particularmente vulnerável no final do ano passado, na sequência da incerteza política na Itália e dos comentários cautelosos do Banco Central Europeu (BCE).

Comentários recentes do BCE continuam a sugerir que o próximo aumento das taxas de juro no bloco continua um pouco distante. Os decisores políticos confirmaram na última reunião do Conselho de Governadores, em dezembro, que o banco central encerraria o seu programa de estímulos monetários no final de 2018. As compras de ativos foram reduzidas a zero, embora os pagamentos de capital de títulos vencidos no âmbito do programa sejam reinvestidos por “um período de tempo prolongado após a data em que começarmos a subir as principais taxas de juro do BCE”.

A tão esperada conferência de imprensa do presidente Mario Draghi primou pela precaução, ainda mais do que a grande maioria dos mercados previra. Draghi observou que os dados económicos recentes eram mais fracos do que o esperado, refletindo uma desaceleração da procura externa. O destaque de toda a declaração foram os comentários de Draghi sobre o equilíbrio dos riscos que, nas suas palavras, estão a “inclinar-se para o lado negativo”. Esta é uma alteração bastante significativa da linguagem, que sugere que os próximos meses podem ser caracterizados por uma desaceleração contínua no ritmo de crescimento da Zona Euro.
O Presidente Draghi afirmou que o momento da primeira subida da taxa de juro não foi discutido durante a reunião de dezembro. Como temos vindo a manter há muito tempo, não acreditamos que o BCE considere sequer subir as taxas, pelo menos até ver alguns sinais de uma tendência de subida da inflação subjacente em direção à meta do banco central. Embora a taxa global de preços no consumidor tenha finalmente regressado à meta do BCE de “perto mas abaixo” de 2%, a taxa da inflação subjacente (o principal elemento do conjunto de dados económicos que o banco central analisa para determinar a sua política monetária) ficou apenas em 1% em novembro.

Este elemento crítico andou a pairar na marca de 1% em todos os meses nos últimos cinco anos e, até ao momento, não deu quaisquer sinais de uma tendência de subida em relação à meta do banco. Entendemos que demorará algum tempo até que a melhoria do mercado laboral contribua para a inflação subjacente e a perspetiva de esta medida atingir nos próximos tempos a meta do BCE continua algo distante. A previsão para a inflação de 2019 foi revista em baixa pelo banco central de 1,7% para 1,6%.

O desempenho económico da Zona Euro também iniciou uma trajetória negativa em finais de 2018. O crescimento global do bloco europeu perdeu força, desacelerando para apenas 1,6% em termos homólogos no terceiro trimestre de 2018, abaixo dos impressionantes 2,8% registados no mesmo período do ano passado. Os aspetos mais preocupantes neste contexto, a nosso ver, são dois: a desaceleração dos indicadores do PMI sobre a atividade empresarial e o fraco crescimento na Alemanha. A economia da Zona Euro cresceu a metade da taxa do trimestre anterior nos três meses até setembro, ao mesmo tempo que registou a menor taxa de expansão trimestral em quatro anos. Após uma queda nas exportações, relacionada em parte com a incerteza sobre o comércio, a economia da Alemanha retraiu no terceiro trimestre, contraindo 0,2% em relação ao trimestre anterior. Na sequência de um conjunto desastroso de números da produção industrial, há ainda a possibilidade bastante realista de que os números do PIB de fevereiro mostrem que a maior economia da Europa entrou efetivamente em recessão técnica no último trimestre de 2018.

Os PMIs recentes da atividade empresarial também continuaram em declínio, sugerindo que a Zona Euro teve outro desempenho dececionante no último trimestre do ano. O PMI compósito de dezembro, que representa o índice ponderado dos sectores da indústria transformadora e dos serviços, caiu para apenas 51,1 em dezembro, uma queda drástica dos 52,7 registados em novembro e o nível mais baixo da medida em 49 meses.

Este é um sinal preocupante, que parece indicar que a economia do bloco quase não cresceu no quarto trimestre de 2018 – o que está longe de ser um ambiente propício para uma subida das taxas de juro. Como era já largamente esperado antes da reunião de dezembro, as projeções de crescimento do BCE foram revistas em baixa. O banco central espera agora que a economia da Zona Euro cresça apenas 1,9% em 2018, abaixo dos 2,0% calculados em setembro, e 1,7% em 2019, em vez dos 1,8%.

Os recentes sentimentos negativos podem, em parte, ser atribuídos ao incerto ambiente político em Itália e França. As preocupações políticas europeias reacenderam-se em setembro, depois de o novo governo populista de Itália ter anunciado planos para triplicar a meta do défice orçamental anterior do país, apesar da já enorme dívida daquele país. Em nossa opinião, isto teve apenas um efeito limitado na moeda comum e não deverá influenciar o EUR/USD de forma significativa, em 2019 – o governo italiano e a Comissão Europeia chegaram a acordo quanto à meta orçamental do país, em dezembro. A Itália reduzirá o défice previsto para o próximo ano de 2,4% para 2,04%, permitindo “evitar [o] Procedimento de Défice Excessivo nesta fase”, segundo o vice-presidente da comissão, Vladis Dombrowskis.

Acreditamos que grande parte da debilidade dos índices PMI e dos dados da Alemanha será temporária e desaparecerá assim que as crises italiana e dos “coletes amarelos” se atenuem e o sector automóvel recupere após a adaptação para satisfazer os novos regulamentos de emissões da UE. No entanto, esta timidez nos dados do crescimento e da inflação significa que podemos ter de esperar algum tempo até à primeira subida das taxas de juro na Zona Euro desde 2011. Vale a pena reiterar que o único mandato do BCE é para trazer a inflação subjacente até à meta de “perto mas abaixo” de 2%, e é pouco provável que o banco inicie discussões sobre taxas mais elevadas, pelo menos até ver alguma evidência de uma retoma dos preços subjacentes.

Neste momento acreditamos que teremos de esperar até ao quarto trimestre de 2019 ou, provavelmente, até ao primeiro trimestre de 2020, para vermos uma subida do BCE, isto caso a medida da inflação subjacente não dê sinais de uma tendência ascendente.

Tendo em conta o referido acima, e considerando as nossas expectativas para uma política predominantemente estável da Reserva Federal, mantemos a nossa aposta numa taxa EUR/USD praticamente estável em 2019, em torno de 1,15. No entanto, prevemos agora uma ligeira apreciação do Euro, até ao final de 2020. Esta previsão baseia-se na probabilidade de o BCE, em algum momento antes do final de 2020, sugerir pelo menos que está pronto para aumentar as taxas, enquanto a Reserva Federal encerra o seu ciclo de subidas.

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